Aqueles assim marcados eram tratados como “os mais baixos dos mais baixos na hierarquia do campo”. As raízes da perseguição n4zist4 aos gays são profundas.
Desde a unificação alemã em 1871, uma seção da lei criminal do país amplamente conhecida como “parágrafo 175” dizia que homens que se envolvessem em atos de “indecência não natural” poderiam ir para a prisão.
Em 1877, a Suprema Corte de Justiça da Alemanha esclareceu que isso significava evidência de um “ato semelhante a uma relação sexual”. Mas a lei só foi aplicada esporadicamente.
E o fato de que era quase impossível condenar alguém a menos que ele confessasse tal crime no tribunal significava que a polícia apenas ficava de olho nos bares e eventos gays, e a Alemanha acabou se tornando o lar de uma vibrante comunidade gay.
O historiador Robert Beachy argumenta que, ironicamente, a lei estimulou o interesse científico no estudo das “preferências sexuais”, e que a pesquisa tendia a encorajar uma compreensão mais científica da sexualidade humana, o que permitiu que a ideia dos direitos dos homossexuais florescesse.
TUDO MUDOU
De acordo com o Museu Memorial do Holocausto, isso mudou quando os n4zist4s chegaram ao poder na década de 1930.
Hitler via os gays como uma ameaça à sua campanha para purificar a Alemanha, especialmente porque suas parcerias não podiam gerar filhos que cresceriam na raça ariana que ele queria cultivar.
Durante esse período, bares e clubes gays começaram a ser fechados, as autoridades queimaram os livros de uma importante instituição de pesquisa dedicada ao estudo da sexualidade e as organizações fraternais gays foram fechadas.
Esses esforços só aumentaram após a Noite das Facas Longas, o expurgo de 1934 dos líderes nazistas que foram acusados de tentar derrubar Hitler; eles incluíam o líder dos Storm Troopers, Ernst Röhm, a quem a SS assassinou, citando posteriormente sua homossexualidade como justificativa para seu assassinato.
PROIBIDO
Uma revisão nazista da lei de 1871 entrou em vigor em setembro de 1935, proibindo qualquer coisa tão simples quanto homens olhando ou tocando uns nos outros de maneira “sexualmente sugestiva”, e permitiu que as autoridades prendessem pessoas mesmo que tivessem ouvido apenas rumores de que as pessoas estavam se envolvendo em tal comportamento. As lésbicas, no entanto, não enfrentavam as mesmas penalidades criminais. A Gestapo começou a manter “listas rosas” de violadores.
PERSEGUIÇÃO
Entre 1933 e 1945, pela contagem do Museu Memorial do Holocausto, cerca de 100 mil homens foram detidos por violar essa lei, e cerca de metade foi para a prisão. Acredita-se que algo entre 5 mil e 15 mil homens foram enviados para campos de concentração por motivos relacionados à sexualidade, mas exatamente quantos morreram neles pode nunca ser conhecido, entre a escassa documentação que sobreviveu e o sentimento de vergonha que manteve muitos sobreviventes em silêncio por anos.
Uma análise estatística do sociólogo Rudiger Lautmann, da Universidade de Bremen, afirmou que até 60% dos gays enviados aos campos de concentração podem ter morrido.
O PIOR TRATAMENTO
Dos poucos sobreviventes e guardas prisionais que compartilharam suas histórias, soube-se que aqueles enviados para campos de concentração eram segregados, por medo de que sua “preferência sexual” fosse contagiosa.
Muitos foram castrados. Alguns foram usados como cøbaias em vários experimentos médicos para encontrar uma cura para o tifo e uma cura para a homossexualidade, o que levou a SS a injetar testosterona neles para ver se isso os tornaria heterossexuais. Ao mesmo tempo, alguns Kapos (prisioneiros selecionados pela SS para manter outros prisioneiros na linha) teriam exigido favores sexuais de prisioneiros, que eram conhecidos como “doll boys”, em troca de comida extra ou proteção contra trabalhos forçados.
PÓS-GUERRA
No entanto, nos anos do pós-guerra, o medo de prisão não desapareceu. A lei nazista permaneceu em vigor até que uma lei da Alemanha Ocidental de 1969 descriminalizou os relacionamentos gays entre homens com mais de 21 anos. O “parágrafo 175” só foi revogado em 1994.
Referência
HEGER, Heinz. The Men With The Pink Triangle.
GRAU, Gunter. The Hidden Holocaust?: Gay and Lesbian Persecution in Germany 1933-45.
BLEUEL, Peter. Sex and Society in Nazi Germany.
Respostas de 2
Que triste…
Oi, Stephanie, tudo bem?
Obrigado por sua participação.
Grande abraço,
Prof, Jorge Luiz.