Lavrenti Pavlovitch Béria tornou-se um dos homens mais temidos da União Soviética, por ser o líder do seu maior organismo de segurança e espionagem, o NKVD (Comissariado Popular de Assuntos Internos).
O PRIMEIRO ENCONTRO
Béria encontrou com Stalin durante as férias do líder soviético, em 1931. Um relato popular afirma que Béria salvou Stalin de uma tentativa de assassinato. Outras fontes sugerem que ele próprio encenou o atentado só para poder impedi-lo. O fato é: Stalin, a partir disso, o fez subir rapidamente na hierarquia do partido e na polícia secreta.
O BAJULADOR
Bajulador como todos os integrantes do círculo íntimo de Stalin, foi um dos responsáveis por tornar seu regime a mais poderosa máquina política da história. Béria pôs-se a organizar um livro exaltando o líder, mas, como homem de limitadas letras, encomendou-o ao historiador E. Bediia. Após a revisão, colocou seu nome na obra como autor exclusivo e, na época do Grande Terror, 1936-8, ordenou o fuzilamento do verdadeiro escritor.
O livro foi editado com uma enorme tiragem, sob o título de “Sobre a História das Organizações Bolcheviques na Transcaucásia”, e retratava Stalin como “o Lênin do Cáucaso”.
A CONFIANÇA
Stalin confiou a Béria trabalhos importantes, desde a perseguição aos inimigos e organização dos gulags, à supervisão do projeto da bomba atômica. Esse projeto foi iniciado na URSS em 1941 e interrompido em razão da Segunda Guerra Mundial. Foi retomado após o fim do conflito, reunindo uma grande quantidade de cientistas sob a coordenação do maior físico-químico da União Soviética, Igor Kurtchatov. Béria pôde ajudar os cientistas com a força da NKVD, contando com um grande número de espiões russos e técnicos alemães levados para a URSS.
O COMANDANTE
Como comandante da então NKVD, Béria tornou-se um verdadeiro chefe do maior estado policial que já existiu, sendo responsável pela morte de milhares de “Inimigos do Povo”, dentre supostos traidores, espiões, fascistas, czaristas, simpatizantes do fascismo e criminosos comuns. Também mandava prender, deportar, torturar ou fuzilar pessoas inocentes, intelectuais, artistas, qualquer um que acreditasse representar ameaça ao regime.
O MASSACRE DA FLORESTA KATYN
Com a consolidação da invasão da União Soviética da Polônia, em 17 de setembro de 1939, os soldados poloneses que estavam na parte invadida pela União Soviética foram prontamente rendidos. Béria – que ocupava o cargo de Comissário do Povo (ministro) do Interior – convenceu Stalin de que os prisioneiros eram membros de grupos contrarrevolucionários e, portanto, apresentavam um risco para o controle soviético na Polônia. Em documento enviado a Stalin, propõe: “Examinar de maneira especial, aplicando a pena máxima, o fuzilamento” a mais de 25 mil prisioneiros de guerra poloneses, na maioria oficiais do Exército. Com a autorização de Stalin, Béria organizou um comitê especial, chamado de “Troika”, para selecionar os prisioneiros que seriam
condenados ao fuzilamento. Entre 1940 e 1941, foram mortos 21.892 prisioneiros. Béria foi o idealizador dessa carnificina.
TERRÍVEL ASSEDIADOR
Segundo o historiador, Simon Montefiore a comprovação dos estupros cometidos por Beria em 1953 concluíram que ele era um “predador sexual que usou seu poder para se entregar à depravação obsessiva.” Tanto sua esposa Nina quanto seu filho Sergo acusaram-no de abuso sexual e estupro, após o seu falecimento.
Segundo o coronel Sardion Nadaraiados, importante oficial da NKVD na época, em noites de guerra Beria era visto dirigindo pelas ruas de Moscou em seu blindado, indicando jovens para serem detidas e enviadas até a sua mansão, onde vinho e um banquete as esperavam. Após o jantar, ele as levava para um quarto à prova de som e as estuprava.
FIM DA GUERRA
Depois da Segunda Guerra Mundial e do término do projeto nuclear soviético, Beria ficou encarregado dos novos expurgos, agora contra aqueles que colaboraram com os invasores alemães e promoveram atos de sabotagem. Além disso, foi também responsável pela execução dos prisioneiros militares alemães de alta patente, bem como pela escravização dos soldados comuns e oficiais alemães nos gulags.
SEU FIM
Na versão de Svetlana – filha de Stalin – Béria foi o responsável pela morte do líder soviético, mas muitos documentos atestam que Béria não o matou, predominando a versão do derrame cerebral. Após a morte de Stalin, começou uma intensa disputa pelo poder, seu sucessor Nikita Kruschev e o Marechal Zukov, comandante do exército vermelho, temendo o poder de Béria – que menosprezou seus adversários – mandaram prendê-lo. Por um decreto do Presidium do Soviete Supremo, foi expulso desse órgão, do cargo de Primeiro vice-presidente do Conselho de Ministros da URSS e de Ministro do Interior da URSS, foi privado de todas as patentes e condecorações, e seu processo foi entregue ao Supremo Tribunal da URSS. Apesar de todas as tentativas do carrasco de escapar do julgamento, declarando sua fidelidade ao comunismo e pedindo misericórdia, foi julgado e condenado a morte.
Béria teve o mesmo fim que os milhares de soldados poloneses que ele ajudou a executar, foi morto com um tiro na nuca em 1953.
Referência
MILHAZES, José. Laventri Béria. O Carrasco de Staline.
KNIGHT, Amy. Beria o lugar Tenente de Stalin.
SNYDER, Timothy. Terras de Sangue.
Respostas de 2
Nossa nunca tinha ouvido falar! E tanta história escondida é manipulada… espero que algum dia a política brasileira seja desvendada …
Olá, Luci, tudo bem?
Aqui abordo o conteúdo histórico com profissionalismo, responsabilidade e isenção, ou seja, sem a minha opinião sobre os fatos.
Agradeço sua participação.
Grande abraço,
Professor Jorge Luiz.