Nesse telegrama enviado para a agência internacional de notícias Reuters pelo correspondente de guerra Herbert Russell, em 1º de julho de 1916, tudo parecia estar indo de vento em popa.
Era o início da Batalha do Somme, uma ofensiva Aliada em resposta ao avanço dos alemães na região de Verdun, em território francês ocupado.
A verdade, porém, passava longe, mas muito longe mesmo, das otimistas palavras escolhidas por Russell em seu boletim.
1º de julho de 1916 – era o dia mais sangrento da história do Exército Britânico.
A BATALHA
Em 1º de julho de 1916, por volta das 7h30 da manhã, apitos soaram para sinalizar o início do que seria um dos dias mais sangrentos da história.
“Amigos” de vilas e cidades da Grã-Bretanha e Irlanda, que haviam se oferecido juntos apenas alguns meses antes, se levantariam de suas trincheiras e caminhariam lentamente em direção à linha de frente alemã entrincheirada ao longo de um trecho de 24 quilômetros no norte da França, era um avanço suicida.
No final do dia, 20 mil homens e meninos britânicos, canadenses e irlandeses nunca mais veriam sua casa, e outros 40 mil ficariam mutilados e feridos.
A batalha começou com um bombardeio de artilharia de uma semana contra as linhas alemãs, cerca de 1,5 mil canhões, obuseiros e morteiros foram disparados contra uma frente de batalha que se estendia por 30 quilômetros, com um total de mais de 1,7 milhão de projéteis sendo disparados.
Previa-se que tal golpe destruiria os alemães em suas trincheiras e rasgaria o arame farpado colocado à frente. Segundo o historiador John Keegan, no livro First World War, as forças britânicas envolvidas na operação tinham ao seu dispor quase 3 milhões de granadas explosivas de artilharia.
O ataque parecia arrasador, mas apresentava falhas graves. O plano dos Aliados, entretanto, não levou em consideração que os alemães haviam cavado abrigos profundos à prova de bombas, então quando o bombardeio começou, os soldados alemães simplesmente se moveram para o subsolo e esperaram.
Quando o bombardeio parou, os alemães, reconhecendo que isso seria um sinal de avanço da infantaria, escalaram da segurança de seus “bunkers” e equiparam suas metralhadoras para enfrentar os britânicos e franceses que se aproximavam.
Para manter a disciplina, as divisões britânicas foram ordenadas a caminhar e atravessar a “terra de ninguém”, indo lentamente em direção às linhas alemãs (cerca de 400 a 800 metros separava as linhas de defesa inimigas), o que deu aos alemães tempo suficiente para alcançar suas posições defensivas.
E enquanto eles tomavam suas posições, as temidas metralhadoras Maxim alemãs começaram sua varredura mortal, e aí amigo leitor, a matança começou. Desse momento em diante, nada mais foi ouvido além de disparos de canhões, explosões de granadas e rajadas de metralhadoras.
Algumas unidades conseguiram alcançar as trincheiras alemãs, mas não em número suficiente, e foram rapidamente rechaçadas.
Este foi o primeiro gosto da batalha para os novos exércitos voluntários da Grã-Bretanha, que foram persuadidos a se unir por cartazes patrióticos mostrando o próprio Lord Kitchener convocando os homens às armas.
Muitos batalhões foram formados por homens da mesma cidade que se ofereceram para servir juntos. Eles sofreram perdas catastróficas, unidades inteiras foram aniquiladas.
“O conflito na região do Somme revelou-se uma grande máquina de moer carne humana, dignificada com o nome de batalha”, escreveu o historiador britânico John MacDonald no livro Great Battlefields of the World .
Referência
KEEGAN, John. First World War.
MACDONALD, John.Great Battlefields of the World .



