A História por Trás da Descoberta do “Homem-Dragão” na China

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Cientistas anunciaram em 25 de junho de 2021 que um enorme crânio fossilizado com pelo menos 140 mil anos é uma nova espécie de humano antigo, uma descoberta que pode mudar as visões predominantes de como - e até onde - nossa espécie, Homo sapiens, evoluiu.

O crânio de um antigo ser humano descoberto no nordeste da China pode pertencer a uma espécie humana até então desconhecida que os cientistas nomearam de Homo longi, ou “Homem Dragão”, relatam três novos estudos.

O crânio está bem preservado. Uma análise revelou que o homem dragão pode ser a espécie aparentada mais próxima do Homo sapiens, ainda mais próxima do que os neandertais, que por muito tempo foram considerados nosso parente mais próximo, concluiu o estudo.

“Fiquei surpreso com a filogenia resultante [análise da árvore genealógica] ligando-a a H. sapiens em vez de H. neanderthalensis, nossas conclusões são baseadas na análise de grandes quantidades de dados”, relata Chris Stringer, pesquisador líder do Centro de Pesquisa da Evolução Humana no Museu de História Natural de Londres.

No entanto, essa interpretação é discutível; parece possível que este crânio pertença à misteriosa linhagem humana Denisovan.

DIGNA DE FILME

A história do crânio do Homem do Dragão é digna de um filme de Indiana Jones. Um chinês o descobriu em 1933 na cidade de Harbin, em Heilongjiang, a província mais ao norte da China.

No entanto, o homem (mantido no anonimato por sua família) trabalhava como empreiteiro de mão de obra para os invasores japoneses e optou por não entregar o crânio para seu chefe japonês.

Em vez disso, “ele o enterrou em um poço abandonado, um método tradicional chinês de esconder tesouros”, escreveram os pesquisadores no estudo. O crânio permaneceu lá por 85 anos, sobrevivendo à invasão japonesa, à guerra civil, ao movimento comunista e à Revolução Cultural, disseram os pesquisadores.

Antes de o homem morrer, ele contou para sua família, que recuperou o fóssil em 2018 e depois o doou para o Museu de Geociências da Universidade de Hebei.

A ANÁLISE

A equipe de pesquisa nunca tinha visto um crânio como este antes.

“Sua cabeça era enorme – contendo um grande cérebro – com uma forma longa e baixa e uma sobrancelha enorme sobre os olhos”, disse Stringer.

“Seu rosto, nariz e mandíbulas eram muito largos, e ele tinha olhos grandes. Mas seu rosto era baixo em altura, com maçãs do rosto delicadas, e estava escondido sob a caixa craniana, como em um humano moderno.”

Os cientistas encontraram pequenas depressões no topo da cabeça do Homem Dragão que podem ser feridas curadas, “mas não temos evidências da causa da morte”, disse Stringer.

Uma análise posterior determinou que o crânio provavelmente pertencia a um indivíduo do sexo masculino que morreu com cerca de 50 anos.

ÚNICO

Uma análise do crânio revelou “características humanas arcaicas típicas”, mas também encontrou “uma combinação em mosaico de caracteres primitivos e derivados que se diferenciam de todas as outras espécies anteriormente chamadas de Homo”, afirma o pesquisador Qiang Ji, professor de paleontologia da Universidade Hebei.

Ao estudar o crânio, os pesquisadores observaram sua forma em detalhes, analisando mais de 600 características, disse Stringer. Então, a equipe “usou um computador muito poderoso para construir árvores de parentesco com outros fósseis [humanos primitivos].

Depois de muitos milhões de processos de construção de árvores, chegamos às árvores mais parcimoniosas.” Os resultados sugerem que o crânio e alguns outros fósseis da China formam uma terceira linhagem de humanos que viveu ao lado dos neandertais e do H. sapiens, disse Stringer.

A árvore genealógica indicou que o recém-descrito H. longi está mais intimamente relacionado ao H. sapiens do que os neandertais, acrescentou. Em outras palavras, H. longi “compartilhou conosco um ancestral comum mais recente do que os neandertais”, disse ele. Isso tornaria o homem dragão uma espécie irmã do H. sapiens, explicou ele.

A análise da árvore genealógica revelou outra bomba: o ancestral comum que os humanos compartilham com os neandertais provavelmente viveu há mais de 1 milhão de anos, o que é cerca de 400 mil anos antes do que os cientistas pensavam, disseram os pesquisadores.

Referência

Artigo – New human species ‘Dragon man’ may be our closest relative. Laura Geggel. Referência NI, XIJUN et al (2021). Massive cranium from Harbin in northeastern China establishes a new Middle Pleistocene human lineage. https://doi.org/10.1016/j.xinn.2021.100130. 25 de junho de 2021.

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